quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Entrevista ao Site oficial do Benfica em Junho 2007

P – Que balanço faz destes primeiros seis meses de Benfica?
R – Tendo em conta a importância deste período, acho que o balanço é muito positivo. Desde a primeira hora destes seis meses que eu sabia ter uma enorme responsabilidade. Buscava a minha felicidade e tentava provar o meu valor. Graças a Deus tive a oportunidade de tal propósito se concretizar ainda antes do que eu esperava. Concretizei um sonho e, visto que correspondi e cheguei a um patamar em que pude fazer um contrato bom e longo com o Benfica, que é a equipa em que eu quero jogar, só tenho de estar feliz, muito feliz.

P – Hoje é um jogador muito acarinhado e respeitado pela massa associativa do Benfica, mas passou por um período de adaptação no qual não jogava. Onde foi buscar a força para superar tal momento?
R – É, foi um período de adaptação muito difícil, mas eu nunca me esqueci que saí de casa em busca de um sonho. Isso aconteceu ainda antes, aos 15 anos, visto que existiam dificuldades pelas quais passávamos e tornava-se fundamental apostar em cumprir um sonho, apesar da incerteza da realização do mesmo. Em Lisboa dei um passo ainda mais importante e difícil, mas fui buscar a minha força à minha família, que sempre me apoiou. Tive de amadurecer mais cedo, mas tive a ajuda de várias pessoas aqui em Portugal. Vários colegas de equipa foram fundamentais, mas destaco o Beto, um “cara” que ficará para sempre marcado na minha memória por tudo o que fez por mim nos momentos mais complicados. Jamais me disse um “não”. Recebia telefonemas dele para jantar com a família e dava-me apoio, visto não ser fácil para mim ficar dentro do apartamento e olhar as paredes. Além disso, dava-me boleia para os treinos, conversava comigo. Vou ser-lhe grato a vida toda.

P – Que recordação guarda da primeira impressão que lhe causou o Benfica?
R – Relembro o calor humano. Mal aqui cheguei fui logo muito bem tratado, tanto pelos jogadores, como pelo presidente e pela “torcida”. Felizmente, tais ajudas foram fundamentais para que a minha actual realidade fosse positiva.

P – E quanto a Portugal? Correspondeu às expectativas de uma primeira experiência na Europa?
R – Sem dúvida. Estou a gostar de Portugal e Lisboa é linda. Pena ter-me ido embora de férias agora que estava a chegar o sol. Lembro-me que ao início passei mal por causa do “friozinho”, mas isso era compensado pela forma como os portugueses me tratavam e até pelo facto de existirem vários brasileiros emigrados aqui. Acho que se fosse para outro país iria ser tudo muito mais duro. Quase dá vontade de dizer que Portugal tem um pouco de Brasil, assim como o Brasil tem um pouco de Portugal.

P – Entrou na equipa num jogo muito complicado [aquando da lesão de Luisão, em Paris], mas, após uns minutos iniciais complicados, deu logo prova do seu valor. Acha que a estreia ocorreu no momento certo ou poderia ter acontecido antes?
R – Acima de tudo, as pessoas sempre se preocuparam comigo. Tinham noção que eu não podia ser lançado de qualquer forma, até porque o futebol português é mais rápido e duro. Eu também tinha essa consciência, pois no Brasil joga-se de uma forma mais lenta. Tive de me adaptar a este estilo e podia ser fatal uma entrada em campo antes de tempo. Fui lançado na vontade de Deus. Muitos perguntam porque não fui lançado na Vila das Aves, mas o “mister” Fernando [Santos] sempre falou comigo e me ajudou. Ele sabia o que eu precisava e lançou-me no momento certo, apesar da ansiedade que podia existir da minha parte em querer jogar. Curioso é o facto de eu ter entrado a meio de uma partida difícil, na qual vi o mundo cair sobre a minha cabeça naqueles cinco minutos. Mas penso que a segunda parte desse jogo de Paris foi a prova de que era aquele o meu momento e que a partir dali poderia provar o meu valor dentro de campo. Foi ali que começou esta caminhada tão positiva.

P – Já demonstrou características de “jogador”. Poder de antecipação, elevação, velocidade, técnica e passe. Mas o que sente que tem de melhorar?
R – Eu sou um garoto! E mesmo se eu fosse mais experiente eu teria muito a melhorar. Quero aperfeiçoar tudo no meu jogo. É essa a minha mentalidade já na próxima época. Quero demonstrar muito mais valor e capacidade. O meu objectivo é “cobrar-me”, pois se me acomodar vem outro e “bate” por cima. Não só na vida profissional, como pessoal, temos de procurar o melhor de nós próprios. Só assim podemos evoluir enquanto pessoas.

P – Leva muito a sério os conselhos dos seus pais…
R – Eles aconselham-me sempre a nunca deixar de ser o mesmo garoto humilde e simples. Nesta profissão o mundo muda de um dia para o outro. Eles estão sempre do meu lado e orientam-me para que eu tenha os pés no chão e procure melhorar. Se hoje vivo uma coisa boa na carreira é porque eles sempre me orientaram nessa direcção.

P – O que faltou ao Benfica para não conseguir concretizar, com títulos, uma época que teve tantos momentos positivos?
R – Sempre acredito no trabalho e nós tudo fizemos para alcançar títulos. Existiram jogos em que não bastou jogar bem, pois a bola batia nos postes e nas costas do “goleiro” e não entrava. Quer se queira ou não, a sorte faz parte desta profissão. Mas temos de reconhecer que errámos em algumas situações e que temos de corrigir certos aspectos. Um dos exemplos de como falhámos foi aquela primeira parte no jogo de Barcelona, contra o Espanhol e que, para mim, ditou a eliminação da Taça UEFA. Temos de ver sempre o que fazemos de bom e de mau para melhorar no futuro.

P – Não se perspectivam grandes mexidas no plantel tendo em vista a próxima temporada. Poderá ser essa uma importante vantagem?
R – O entrosamento é sempre uma vantagem. Já nos conhecemos e isso vai jogar a nosso favor. Mas penso que o mais importante é termos o mesmo pensamento de vitória, mas com maior dedicação ainda, até para que consigamos atingir os nossos objectivos que é ganhar.

P – Sente que está no lugar certo para fazer carreira?
R – Acho que dá para notar na minha voz que estou feliz por isso mesmo. Durante seis meses vivi intensamente um sonho e hoje estou a viver a realidade de o Benfica ter aberto as portas para mim. O Benfica é hoje tudo para mim. E note que tive outras propostas mais vantajosas financeiramente, mas a minha vontade foi sempre seguir no Benfica e continuar a vestir esta camisola. Quero muito construir carreira no Benfica.

P – É um dos poucos jogadores do Benfica que ainda não se estreou na Liga dos Campeões. Deve estar ansioso por se estrear nessa competição…
R – Muito mesmo. Desde pequeno que vejo os craques do futebol mundial a jogarem na Liga dos Campeões. Sempre sonhei participar nesses jogos. Espero que se torne realidade. Vamos trabalhar muito para que na próxima época possamos realizar os nossos objectivos e, quem sabe, chegar ao ponto mais alto do mundo.

P – Foi ao lado de Anderson que mostrou a sua qualidade. Pode dizer-se que o seu compatriota foi importante na sua afirmação no Benfica?
R – Sem dúvida e julgo que o entrosamento foi o nosso segredo. De nada vale os jogadores serem bons se não existir coesão entre todos os sectores. O Anderson foi um “cara” que me ajudou bastante, a par do Luisão, dentro e fora de campo. Há pouco falei do Beto, mas é importante referir também o papel de ambos também e, em especial, do Anderson, visto ter sido fundamental para que as minhas exibições fossem boas.

P – Muitos benfiquistas anseiam vê-lo jogar ao lado de Luisão…
R – Há que ver que o Benfica tem grandes jogadores, embora eu tenha a noção que o Luisão é um craque de nível mundial. Já passou por muito e já viveu aquilo que eu tenho vivido. É sempre bom ser colega de jogadores desta valia. No entanto, cabe ao “mister” decidir quem jogará.

P – O que conhece de Zoro?
R – Conheço-o da selecção. É um excelente jogador e acredito que vai ser um reforço de peso. Receberemos ele de braços abertos. Acredito que além do Zoro mais jogadores virão para reforçar ainda mais este grupo. Queremos ter muita força para disputar os campeonatos em que vamos entrar.

P – Acabou de ser chamado à selecção brasileira de Sub-20 para disputar o Mundial que se vai realizar entre os dias 30 de Junho e 22 de Julho, no Canadá. O que representa tal chamada para si?
R – Estou muito contente. Representar o meu país é uma alegria e uma responsabilidade muito grande. Receber esta notícia foi das melhores coisas que me aconteceram. Agora tenho de trabalhar muito para que possa desempenhar um papel importante nesta competição.

P – Por outro lado, tal chamada dá-lhe renovadas perspectivas de vir a fazer companhia a Luisão na selecção principal…
R – [Risos] É um objectivo muito grande que tenho na minha carreira. Vou lutar sempre por isso, por intermédio do meu trabalho. Não só é um sonho como também um objectivo. Mas só com trabalho será possível concretizar tal expectativa.

Texto: Ricardo Soares
http://www.slbenfica.pt/

2 comentários:

Anónimo disse...

Bela entrevista. Continua o bom trabalho no blog que está a valer a pena.

Cumprimentos,
Strata

J disse...

O blog ta muito fixe e a entrevista tambem!

Continua!!!