quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Espaço Fã:Cartaz feito pela fã Márcia Correia

Blog: O que significa "FanFic"

Desde que comecei a postar aqui as fanfic's que fui recebendo, muitas pessoas perguntam se são histórias verdadeiras.

Fanfic é a abreviação do termo em inglês fan fiction, ou seja, "ficção criada por fãs". Trata-se de contos ou romances escritos por terceiros, não fazendo parte do enredo oficial do livro, filme ou história em quadrinhos a que faz referência.

Espero ter esclarecido a dúvida

Inês

Espaço "fanfic": Fanfic da Catarina R

Rescue Me

Prefacio
O quanto vale a vida? Para muita gente vale muito, para outros nada. Mas porque é que para alguns a vida não vale nada?

Para uma pessoa a vida não vale assim tanto como toda a gente pensa, o que toda a gente vê, não é realmente essa pessoa, apenas uma fachada, algo que ela mantém para que ninguém se preocupe. Ela perdeu a esperança em tudo e em todos, será que vale a pena continuar a viver? Mas a esperança é a ultima a morrer e há sempre uma luz ao fundo do túnel…será que ainda tudo pode mudar? E que haja razoes para continuar a viver? Será que uma pessoa pode ajudar a mudar tudo? Será que ela pode ser salva?

Capitulo 1
Hoje é mais um dia, um dia como tantos outros, um dia onde acontece o mesmo e nada muda. Chamo-me Catarina, tenho 20 anos, não sou nem muito alta nem baixa, tenho por volta de 1.70 m, sou magra, com cabelo castanho-escuro comprido e uma franja e com olhos verdes acastanhados.

Vivo com a minha mãe e irmã gémea, que não é nada parecida comigo.
O meu pai, foi-se embora de casa, e não quero falar disso, e muito complicado e magoa, dói.

“Catarina, sabes onde vamos amanha?” – disse a minha irmã.
“Não, não sou bruxa.”

“Vamos ao Estádio da Luz ver um jogo do Benfica!”
“Se fossemos ao de Alvalade é que era.”
“Catarina! Eu sei que lá no fundo tu queres ir à Luz, tudo por uma pessoa em especial.”

“Não quero não. Cala-te Filipa.”
“Ela quer ir sim, tudo por causa do David Luiz.” – a minha mãe interrompeu a conversa.

“NÃO! É mentira!” – gritei.

Estava a nega-lo mas era a verdade. Eu uma Sportinguista desde que me lembro, obcecada por um jogador do Benfica.

Mas não foi por ele ser bonito que me fez olhar para ele, foi a maneira de jogar, de se entregar ao jogo, o amor que ele tem ao clube e à camisola.

Só reparei nele muito depois. Sofro da maldição de gostar sempre de um jogador do Benfica apesar de ser do Sporting, antes do David Luiz era o Rui Costa. Sempre fui viciada por desporto em especial por futebol, até percebo e sei mais que muitos rapazes, deixo-os surpreendidos com o que percebo e conheço de futebol.

“Eu vou ver o jogo, mas vou vestida de verde.”
“Sempre do contra.”
“Preocupa-te contigo Filipa.”

A noite voltei a ter um dos meus pesadelos e acordei a meio da noite com vontade de me magoar, mas não o fiz, tudo por elas, a minha mãe e irmã que iam sofrer, mas não sei mais quanto tempo aguento assim, só choro e a dor continua e é cada vez maior e a culpa é toda dele. Apesar de ele já ter ido embora há muito não apagou tudo o que ele fez e o que aconteceu.

Depressa chegou o dia seguinte e as horas para ir para o estádio iam diminuindo. Eu cumpri e vesti-me com uma camisola verde de manga comprida com uma branca por debaixo também de manga comprida. É Março, ainda está fresco.

Partimos para o estádio cedo, para arranjar lugar e estarmos à vontade. O Sporting tinha ganho ontem e desejei que o Benfica perdesse hoje. Iam jogar com o Paços de Ferreira e estava mesmo a ver que iam ganhar, mas até podiam perder se o desejasse muito.

Vi o estádio e vi algumas pessoas a irem para lá, de certeza que o ambiente era de festa, mas não me interessava minimamente, tinha os phones nos ouvidos para abafar qualquer cântico relacionado com o Benfica. Não odeio o Benfica, simpatizo devido à minha família ser e devido a gostar do David Luiz, mas sou de um clube rival não posso mostrar minimamente que gosto, para evitar ser gozada.

Andei um pouco as voltas no estádio que já conhecia e pouco depois entramos. Os nossos lugares eram no piso zero em direcção da bandeirola de canto e estava na fila 10 ou algo assim, estava mais próxima da relva do que da zona dos bares e das casas de banho.

Esperei e pouco depois os jogadores entraram para o aquecimento, os meus olhos ficaram presos completamente num jogador, ele. Só por ele tinha valido ir ao jogo, para o ver jogar e poder admirar ao vivo as capacidades dele.

A minha irmã tinha um cartaz que eu é que fiz a pedir a camisola dele, mas não me atrevia a andar com ele, não queria aparecer na televisão e ser reconhecida por Sportinguistas e Benfiquistas depois ia ser gozada.

Os jogadores recolheram aos balneários, depois de ter tirado umas fotografias e esperei, senti um arrepio e fiquei preocupada, sabia que aquele arrepio não era dos que trazia um bom pressentimento, e desejei que fosse o que fosse não fosse nada de mais.

Capitulo 2
Não tive muito tempo para pensar no arrepio e no pressentimento, os jogadores entraram e o jogo ia começar, o ambiente tornou-se ensurdecedor, ouvia-se gritar Benfica e só se via um mar de vermelho.

O jogo começou depressa tal como os minutos que passavam rapidamente, tentei tirar algumas fotografias com a minha máquina já um bocado ultrapassada, algumas até ficaram decentes mas não eram nada do que eu realmente desejava. O Benfica marcou dois golos praticamente de seguida e o estádio fez se ouvir e os cânticos não paravam. Eu pensava que o jogo já estava decidido quando o Paços marcou um golo, mesmo antes do intervalo, mesmo assim sabia que o Benfica ia ganhar, estavam a jogar muito melhor e só se cometessem algum erro é que o resultado podia mudar.

O intervalo chegou e fui à casa de banho, o meu telemóvel tocou e vi quem era, o meu pai. Não queria atender, mas se não o fizesse ele ia continuar a ligar me até que atendesse, atendi e sabia que era discussão certa.

“Olá, Catarina.”
“Olá.”

“Tudo bem?”
“Sim, e tu?”

“Também, estou a ouvir muito barulho, onde estás?”
“Estou no Estádio da Luz. Porquê? Eu posso ir onde me apetecer.”

“Tu a veres o Benfica? Não esperava por essa.”
“Não ia ficar em casa. Porque ligaste?”

“Queria saber como estavas.”
“E só ligas de mês a mês? E não me venhas dizer que eu é que tenho a obrigação de ligar.”

“E tens. Não sou só eu filha.” – arrepiei-me quando ele me chamou filha, depois de tudo como ele tinha coragem para me chamar isso?

“Tu é que tens a obrigação de ligar, foste tu que saíste de casa para viveres com outra, foste tu que traíste a mãe, foste tu que me disseste que eu e a Filipa não valíamos nada. A culpa é tua e eu posso ser tua filha mas as atitudes que tens não é de um pai.” – sentia as lágrimas pela minha cara, só de me lembrar de tudo.

“Estás a dizer que não sou mais o teu pai? Eu que te dei tudo?”
“Tu deixaste de dar tudo no momento em que saíste de casa. Prometeste que nunca me ia faltar nada, e deixaste dar dinheiro para a minha educação e outras despesas, deixaste de me ligar da noite para o dia. Quase que ficamos sem casa e quase que tive de deixar de estudar, tudo por tua culpa.”

Não ia dar dinheiro a tua mãe, vocês não iam viver as minhas custas!”
“Desiludiste-me muito, pensava que te conhecia, mas foi 18 anos de mentira.” – desliguei o telemóvel e fui limpar as lágrimas, não queria enervar a minha mãe e não queria que ela soubesse o que se tinha passado.

Voltei para o meu lugar tentando parecer o mais normal possível, tentando não mostrar o que realmente sentia, a minha irmã e mãe estavam felizes e não queria que voltassem a ficar em baixo.

Tentei não pensar nisso e quando o voltei a ver a entrar em campo distraiu-me um pouco, centrei o olhar nele e tentei não pensar em mais nada, naquele momento não me importei que era do Sporting e não me importei se me apanhavam a olhar para ele, ele era o único que sem saber fazia me esquecer e só isso importava.

Capitulo 3
A verdade é que o telefonema não me saia da cabeça até nem me apercebi que o Benfica tinha marcado o 3º golo do jogo, só reparei depois ao ver toda a gente a festejar, e de ver os jogadores a abraçarem-se.

Sabia que o resultado estava praticamente definido, ainda havia muito da 2ª parte para se jogar, mas o Benfica estava a gerir bem o jogo e com 2 golos de diferença ainda ia ser mais fácil.

“Não tiras os olhos dele. Estás mesmo apanhada.”
“Não estou nada mãe! Para com isso, apenas o gosto de o ver jogar.”
“Ok, eu paro. Não amues, baba-te à vontade.”

Nem respondi, não queria enervar-me o suficiente e contar do telefonema. A verdade é que não parava de pensar no telefonema e comecei a sentir-me mal, a sentir uma dor inexplicável, uma dor que me consumia de dentro para fora, tinha de a fazer parar, e só pensava numa coisa, em magoar-me, sabia que isso ia fazer desaparecer a dor.

Não devia faltar muito para o jogo acabar e quase que não controlava o que sentia, as lágrimas queriam sair e fiz um esforço imenso para não chorar ali. Agarrei na minha mala e retirei uma pequena lâmina que lá tinha, ela estava na mala escondida, apesar de nunca a ter usado tinha a posto lá sabendo que a ia usar mais cedo ou mais tarde.

Apercebi-me que só magoando talvez não fosse suficiente para parar com a dor, tinha de tomar uma medida mais drástica, eu queria que a dor desaparecesse completamente, queria ser livre e não sofrer mais. Escondi a lâmina no bolso das calças, olhei para a minha mãe.

“Vou a casa de banho.”
Cada passo que dava pesava mais, mas tinha tomado a minha decisão, não aguentava mais. Entrei na casa de banho deserta, toda a gente estava a ver o fim do jogo, ouvia os cânticos, as buzinas e os gritos, retirei a lâmina e encostei-a...

As pessoas estavam a sair do estádio, o jogo deve ter acabado ou está perto disso, dirigi-me ao meu lugar e vi a minha mãe lá, mas não a minha irmã, passei pela minha mãe olhei para ela.

“A Filipa está perto do relvado para ver se consegue a camisola, vai lá ter com ela.”
“Ok. Desculpa.”

A minha mãe não ligou ao meu pedido de desculpas, deve ter pensado que estava a pedir desculpa de ter demorado na casa de banho, mas estava a pedir porque a minha vida ia terminar ali.

“Catarina! O David Luiz vem aí! Despacha-te!”- ouvi a minha irmã gritar e vi-a no meio da pequena multidão que se tinha formado ali.

Aproximei-me e fiquei lado a lado dela, mesmo à frente, passando pelas pessoas, comecei a sentir me tonta mas não liguei, senti a perder as forças lentamente, mas ignorei, sentia-me cada vez mais livre e sem dor.

Vi-o cada vez mais próximo, ele tirou a camisola ficando de tronco nu e estava a ver a quem a ia dar. Estiquei o braço e fiquei ainda mais tonta, ele estava perto de mim, praticamente à minha frente. Tinha os meus olhos presos nele, queria que a cara dele fosse a ultima coisa que a minha mente registasse antes de me apagar e desaparecer.

“Catarina!” – a minha irmã gritou.
Olhei para ela e vi o motivo. A minha camisola estava ensanguentada, já não era bem verde, e o corte no meu pulso era bem visível.

Ouvi as pessoas em choque, sentia cada vez mais tonta e já não via bem as coisas, até os sons começaram a ficar distorcidos. Senti algo a agarrar-me no pulso, com força e consegui ver que era uma mão.

Olhei para ver de quem era a mão e vi que era ele, olhei nos olhos dele e vi desespero, dor, tristeza, naquele momento o olhar dele fez-me lutar, fez-me pedir ajuda, fez-me querer viver por um instante, mas comecei a perder as forças, os meus olhos começaram a fechar e deixei de ver, mas ainda ouvi o que parecia ser a voz dele.

“Ajudem!” – e foi a ultima coisa que ouvi.

Capitulo 4:
Já não me sinto leve nem livre. O que se passa? Que luz é esta? Devo estar no céu. Vejo paredes brancas e tecto branco, deve ser mesmo o céu, ou algo, não sei se mereço ir para o céu, afinal matei-me.

Olhei bem para o que me rodeava e vi que afinal não desfaleci, estou num hospital. Olhei para os meus pulsos e vi-os com tubos e ligados, comecei a chorar imediatamente, devia ter desfalecido, estou viva e devo ficar com umas cicatrizes horríveis para sempre e a dor vai continuar, não quero enfrentar a minha família, desapontei toda a gente ao fazer isto.

“Já vi que já acordou. Está bem? Dói-lhe algo?” – perguntou-me uma enfermeira.
“Estou! E não me dói nada, só quero ficar sozinha.”

“Já que está acordada queria dizer lhe que tem uma visita.”
“Se é a minha família diga que ainda não acordei, não quero vê-las.”

“Não é a sua família, é um jovem, alto e muito engraçado.”
“Não estou a ver quem possa ser. Apenas deixe-me sozinha.” – a enfermeira saiu.

Tentei limpar as lágrimas e senti dor nos meus pulsos. Fiz um esforço para não gritar ou voltar a chorar. Olhei para a janela e o dia até estava bom, sentia dor, não a dos meus pulsos sentia a dor que me fez fazer isto, e agora sabia que esta dor não ia desaparecer, apenas ia piorar com o que fiz.

Ouvi passos e virei-me, olhei para a porta e vi quem tinha acabado de entrar. A última pessoa que vi, a ultima voz que ouvi. À minha frente estava o David Luiz, a ultima pessoa que esperava ver.

“Como está? Como se sente?”
“Bem, não quero ser mal-educada mas não estou com cabeça para falar.”

“Mas você não me parece bem. Parece estar com dores.”
“Mas estou bem, não te preocupes.”

“Não está, e enquanto não estiver bem vou estar sempre preocupado.”
“Eu não mereço que te preocupes comigo, David Luiz.”

“Merece. Eu vim aqui não só para saber como está Catarina, mas porque tenho algo para lhe dar. Tentei dar à sua família mas disseram para lhe dar em pessoa.”

Ele tirou de dentro de um saco a camisola dele. Pensei logo que ele me a estava a dar por pena ou algo assim, mas aceitei a camisola, assim talvez pudesse ficar sozinha mais depressa.

“Eu ia lhe dar a camisola, eu reparei que estava vestida de verde, e ia lhe dar quando vi o seu pulso e peguei nele, tentei fazer algo para parar de sangrar. E esqueci a camisola.”

“Não merecia nada disso. Eu devia ter desfalecido, não valho nada. Estou farta de não sentir nada, toda a gente me abandonou, até Deus, pedi ajuda, pedi força e nada, se Ele se preocupasse tinha evitado que fizesse isto.”

“Não fale assim. Vale algo sim Catarina, é alguém. Deus não a abandonou, se o fizesse não voltaria para a bancada, ficaria na casa de banho a morrer de dores, mas ao voltar teve uma oportunidade de ser salva.”

Naquele momento o que o David Luiz me disse fez todo o sentido, talvez não era suposto eu morrer, talvez eu tinha de fazer isto para ser salva, e ele foi o meu herói, o meu salvador, o meu anjo.

Capitulo 5
Comecei a pensar se isto tudo seria verdade, podia ser apenas um sonho, mas parecia tudo tão real, sentia dor nos meus pulsos ao mínimo movimento, tinha o

David Luiz ao meu lado e a camisola dele em cima das minhas pernas.
“Está a pensar no quê?” – olhei para ele sentado ao lado da minha cama.

“Estava a pensar que isto pode não ser real, talvez seja só um sonho, um pesadelo, mas no estádio foi tão real. Talvez eu morri mesmo.” – senti a beliscarem-me no braço e dei um grito.

“Sonho não é. Desejava que fosse?”
“Sim. Se estivesse morta talvez fosse melhor. Não sei como vou encarar toda a gente agora, mas o pior não é isso, o pior é a dor que sinto.”

“Não diga isso! Dói algo, Catarina? Quer que chame alguém para lhe dar algo?”
“Não é essa dor, esta dor não se cura assim. É uma dor que está sempre dentro de mim, umas vezes adormecida outras não, uma dor que me consome, que me destrói de dentro para fora. E complicado de explicar, o que sinto é indescritível.”

Compreendo e percebo. Nunca vou esquecer esse dia e o que vi.”
“Acredito, o meu sangue, deve ter sido demasiado, não foi? Desculpa David Luiz.”

“Me chame só de David. Não foi só o sangue, nunca vou esquecer o seu olhar, vi dor, desespero, vazio. Mas quando olhou para mim, os seus olhos ganharam vida, pediram ajuda e nunca vou esquecer isso, não a podia deixar morrer, tinha de fazer algo.”

Olhei nos olhos dele e senti me impressionada pelo que ele disse, mas mal porque ele nunca ia esquecer o que aconteceu.

“Desculpa David. Não queria que mais ninguém sofresse por mim, mas por culpa minha tu nunca vais esquecer o que se passou e não queria traumatizar-te. Devia ter morrido, assim não via mais ninguém a sofrer por mim.” – lutei para não voltar a chorar, mas voltei a sentir dor, fechei os olhos e senti uma lágrima a escorrer.

Senti uma mão na minha cara e abri os olhos, sabia que aquela mão só podia ser de uma pessoa.
“Não me toques! Não quero a tua pena, não quero nada! Só preciso de ficar sozinha.” – gritei e desviei a cara dele.

“Não vai ficar sozinha, não vou deixar, não quero que faça o mesmo de novo.”
“E se fizer? A dor é demasiada, não sei se aguento.”
“Aguenta sim. Catarina, porquê? Porque é que se tentou matar?”

“Queres mesmo saber, David? Não sei se consigo contar, dói muito.”
“Não é preciso ser agora, mas se for, estou aqui, prometo.”
“Não prometas algo que não podes cumprir!” – gritei e senti mais lágrimas a cair.
“Mas eu vou cumprir.” – olhei nos olhos dele e algo fez me ver que ele não estava a mentir.

“Eu conto. Tens tempo?”
“Todo o tempo.” – respirei fundo e comecei a contar.
“Isto tudo começou há 2 anos atrás, quando o meu pai decidiu sair de casa, porque tinha uma amante mais nova do que ele quase 20 anos. Nesse dia ele tratou-me a mim e à minha irmã muito mal, disse que nós não valíamos nada para ele. Como é que um pai tem coragem para dizer isto aos filhos?

Mais tarde, pediu desculpa pelo que disse, disse que estava de cabeça quente e disse as coisas sem intenção, perdoei-o mas não completamente, ele magoou-me muito. Prometeu-me que iria dar-me a mim e à minha irmã dinheiro para as despesas que tivéssemos.

Nisto passou-se um tempo, a minha mãe entrou numa grande depressão e mal comia, só chorava, eu não conseguia fazer nada para a animar, a minha irmã também entrou numa depressão por causa do meu pai.

Ela tinha ataques de ansiedade, sentia-se mal e tremia muito, foi ao psiquiatra e ficou medicada.
Eu fui a única menos afectada por esta situação, uns meses mais tarde, tudo piorou. Já não recebíamos dinheiro do meu pai e começamos a ficar mal economicamente e fiquei em risco de ser posta na rua. Com isto tudo, a minha mãe piorou e se não chorava, gritava comigo e com a minha irmã, a única coisa que me preocupava era como iria manter a minha família unida, se esta já estava a desfazer-se….

A minha vida piorou a partir daí, só me apetecia chorar e não conseguia dizer a ninguém da minha turma o que se passava, porque estava na universidade e não confiava totalmente nos meus amigos para lhes contar, muito por os conhecer há tão pouco tempo.

Umas semanas depois, estava mesmo mal, não me conseguia concentrar na universidade e não aguentava estar na sala, ao intervalo saí e fui para casa.

Chorei e chorei, sentia-me vazia, incompleta, por mais que fizesse a minha vida não melhorava, só piorava, já estava farta de lutar para voltar a ser feliz.
Tentei matar-me, mas não o fiz. Deus salvou-me, pedi um sinal para não o fazer e ele deu me. Uma música começou a tocar no meu mp3 que dizia para não desistir e não o fiz, a minha mãe e irmã nunca souberam, se lhes contasse elas ficariam pior.

Mas os telefonemas do meu pai continuaram e ele continua a tratar me mal. E só me lembro de tudo o que se passou quando ele foi-se embora e dói. Ele está semanas sem ligar mas quando liga magoa-me sempre.

E faz-me acreditar que não valho nada, quando ele me diz isso, que não sou ninguém e dói, magoa, telefonou-me ontem e não aguentei, quebrei e cedi, e agora a dor não pára, nunca parou desde aquele dia e agora estou marcada, marcada para sempre.” – os meus olhos eram só lágrimas, mal via, mas senti a mão dele na minha, e vi os olhos dele, em lágrimas a olhar nos meus.

Continua...

PS: A responsabilidade do texto é do próprio autor.

Espaço Fã:Desenho feito pela fã Ana Pessoa

Espaço "fanfic": Fanfic da Adriana (Dri) (alterações a pedido da autora)

Amar a 628 km de distância também é amar.

Prefácio:
“O amor tem duas faces, e eu conheço o suficiente sobre cada uma delas para saber que no tabuleiro do jogo não há espaço para derrotados nem para vencedores. Aprendi a jogar com as artimanhas que tinha e umas vezes ganhei, outras vezes perdi.
Eu já vivi o suficiente para saber que um amor mal interpretado leva ao ódio, ao ódio no seu estado mais puro e aplicável.

Mas sei que quando a relação chega a um fim, certo ou errado, é preferível que esse acabe em paz para poder esquecer esse grande amor pacificamente, porque caso contrário esse fim traga ódio eu sei que jamais irei esquecê-lo porque se o odeio é sinal que ainda me importo, e se me importo é porque ainda o amo demais.
E depois há aqueles amores passageiros, que com um simples piscar de olhos os colocamos no passado do ontem, aqueles que marcaram mas durante um tempo escasso, um tempo que já não volta mais.

E depois há aqueles amores para a vida…
Eu sei, eu sei!
Amores assim não existem, é o que todos dizem, só nas histórias infantis, nos contos de fadas, nos tempos dos nossos bisavós em que para casar não era necessário amar pois aprendiam a fazê-lo com o tempo.

Pois eu arrisco-me a afirmar que amores para a vida existem sim! Como é que eu posso duvidar se já vivi um. Um que marcou tanto, que me cicatrizou tão fundo…
Um que jamais irei esquecer. E ele sabia disso também, pois com ele passava-se o mesmo, ele podia até não o dizer, mas os olhos dele não mentiam… Não podiam! Olhos que amam não mentem.
Agora estou aqui rezando para Ele me dar de novo o olhar dele pousado em mim, o olhar daqueles olhos que nunca me mentiram, mas que tiveram de seguir o seu caminho para cumprir grandes sonhos.”

Eu sou fã do David Luiz, e acho que a maior parte de pessoas que vão ler esta história vão pensar “Ah! Coitadinha! Que tolinha, sonha tão alto!” ou então “Que louca! Completamente obcecada”. Eu respondo aos que estão a pensar desta maneira.

Quem é que nunca sonhou? Quem é que por um único momento não imaginou que tudo era como sempre quis? Quem é que nunca admirou alguém famoso pelo seu trabalho, mas mais do que isso como pessoa? Lamento se nunca o fizeram pois não sabem o que estão a perder…

Eu resolvi escrever esta história porque adoro escrever e acho que esta é uma maneira de partilhar uma coisa que eu tanto adoro fazer, de qualquer modo, cada um é fã á sua maneira e se eu encontrei nesta, outra maneira de o mostrar, então peço desculpa a quem não gostar, mas Deus era Deus e também não agradava a todos…
Eu sei que isto é uma realidade inconquistável mas é como dizem… Sonhar não custa! =D

Atenção: A história é pura ficção qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência.

Espero que gostem!


Personagens principais:
Adriana –
É uma jovem de 17 anos, de Lisboa, adepta ferrenha do Benfica desde que nasceu. É alta, tem cabelo médio castanho-escuro encaracolado, pestanas e olhos castanhos grandes e muito expressivos. Ela é muito cúmplice da sua melhor amiga, Débora e do seu melhor amigo, Rúben Amorim que conhece à 6 anos. Sofre há muito tempo por um amor não correspondido mas isso está prestes a mudar devido à entrada de uma nova pessoa na sua vida.

David Luiz –
É um jovem de 22 anos, do Brasil, jogador do Benfica. É alto, tem cabelo castanho cheio de cachinhos (caracolinhos). É muito cúmplice do seu pai, mãe, irmã, e melhores amigos, Gustavo e Rúben Amorim.

Capítulo 1
Estádio da Luz, Benfica x Sporting
Camarotes:

Elena (mulher de Javi Garcia) – Una victoria más, chicas!
Brenda (mulher de Luisão) – E desta vez contra os lagartos! (sotaque brasileiro)

Romanella (namorada de Saviola) – Cierto! Pero debemos admitir que mi Saviola fue genial!
Débora (melhor amiga de Adriana) – Por acaso eu gostei muito da prestação do David Luiz…

Adriana – Claro Dé! Como é óbvio! (gozando com ela)
Inês (Namorada de Rúben Amorim) – Não sei o que é que vêm nele…

Jogadores aparecem nesse momento, depois de se terem arranjado no balneário, mas é David quem mais sobressai com um cumprimento alegre acompanhado de um sorriso rasgado

David – Oi gente! (sotaque brasileiro)
Dé e Adriana olham-se mutuamente e riem-se discretamente.

Inês – Ok acho que já percebi… (avança para beijar Rúben) Olá amor!
Ruben – Olá… Então alguém me explica o que se passa aqui?

Brenda – Coisa de mulher! (ri olhando para Adriana e Dé)
Luisão – Posso imaginar! (sotaque brasileiro)

Elena – Bueno, yo creo que no! (dá uma gargalhada)
Romanella - Pero vamos a dejar de hablar y ir a comer algo, sí?

E seguem caminho para abandonar a catedral.

Os jogadores caminham atrás e as mulheres, regressando às conversas, á frente.
David – Quem é ela?
Ruben – Quem a loira?

David – Não. A outra! A morena!
Ruben – É a Adriana.

Saviola - Ella hizo algunos trabajos de modelo con mi novia
Javi – Y con mi novia!

Ruben – É a minha melhor amiga… Interessado?
David – Não, nada disso! Mas ela é de facto maior gata, manz!

Luisão – Ou seja… Ele está interessado! (diz rindo-se)
David – Ah! Não vem me zoar não! Só disse que ela era gata… e é verdade!

Saviola – Yo puedo pedir su número a Romanella…
David – Não deixem estar. Discretos como vocês são ainda vão acabar fazendo borrada!

Saviola – Qué?
David – Que, que, que, o quê, rapaz! Você nunca percebe nada do que eu falo!

Saviola - Qué ha dicho? No puedo entender… (ar confuso)
Luisão – Esqueçe baixote! Vamos mas é levar elas para comerem antes que a sua namorada nos mate! (rindo)

Javi - Por supuesto! Qué esperan?

Capitulo 2
Restaurante “Recanto da Bahia”, Lisboa
Todos os jogadores estavam reunidos à mesa com as suas esposas ou namoradas e quem não as tinha fazia-se acompanhar de amigos ou familiares e o serão estava agradável a mais uma comemoração de uma vitória.

Adriana estava sentada do lado das mulheres um lugar deslocado em frente ao do David.
Ela conversava amenamente e sempre muito discreta mas muito sorridente com a mulher de Fábio Coentrão.

Num momento Adriana agarrou no seu cabelo cacheado e puxou-o para o lado direito da nuca deixando o seu lado esquerdo descoberto apenas com algumas mechas de cabelo, e deixando assim à mostra os seus ombros e colo do peito evidenciados pelo seu top cai-cai.
Aquela rapariga não passava despercebida a nenhum rapaz que entrasse no restaurante, não era só pela sua beleza, era o seu carisma e mais do que isso o seu sorriso que iluminava uma sala inteira.

David não parara de admirar Adriana desde que a vira nos camarotes e agora cada vez mais agarrava o olhar nela.
Ruben – Ei puto!
David – Que foi fraquinho?

Ruben – Não dês tanto nas vistas…
David – Ah?

Ruben – Não te faças de desentendido já vi que estás sempre a olhar para ela…
David – Ela parece simpática…

Ruben – Porque é que não vais lá e tiras as dúvidas se ela é ou não simpática?
David – Achas?

Inês – Desculpem intrometer-me mas…
David – Já intrometeu né!
Inês – Desculpa está? Só ia dizer que a Adriana por acaso é uma grande fã tua! Isso facilitava as coisas! Mas desculpa-me está?

Aquilo saiu-lhe um pouco mais alto que o esperado e metade da mesa pode ouvir, inclusive Adriana que se engasgou perante tamanho inesperado.

David ficou constrangido e Adriana também, por isso durante o resto do jantar apenas se entreolharam quando tinham a certeza que o outro não via e que mais ninguém via.
Era chegada a hora do pagode.

Todos dançavam, os brasileiros mandavam vir e os outros tentavam desenrascar-se o melhor que podiam.

Adriana estava encostada no vão da porta da esplanada fazendo tempo para se ir embora o mais depressa possível sem que parece-se mal.

David – Oi!
Adriana sentiu um calor subir-lhe às bochechas e ela sabia que tinha de controlar-se antes que ficasse vermelha de tanta vergonha.
Adriana pensava “Adriana acalma-te! É só o David Luiz! Só! SÓ?? Ó MEU DEUS! É O DAVID LUIZ!”

Adriana – Olá!
David – Você me pareceu constrangida… Aquilo ali dentro foi um bocadinho esquisito…

Adriana – Pois lá isso tenho de admitir que foi…
David – Deixa pra lá, há coisas bem piores do que ser minha fã…Acho!

Adriana – Claro que sim, meia equipa do Benfica ficar a sabê-lo…
David – Não liga para eles não. Eles são mesmo assim. Tão sempre sacaneando as pessoas.

Adriana – Eu sei… Mas foi uma vergonha…
David – É assim tão mau ser minha fã?

Adriana – Não… Mas é mau tu saberes… Agora não me vais levar a sério!
David – Deixa de bobagem! Eu te levo a sério!

Adriana – A sério?
David – A sério! Muito mesmo! Eu acho você maior alto astral! Está sempre sorrindo e contando piadas…

Adriana – Obrigada… Acho!
David – Obrigado mesmo! Era um elogio! Me desculpa mas eu não sou bom nessas coisas de elogios.

Adriana – Não tem mal… Se ajuda, eu também não!
David – Parece que já é alguma coisa em comum…

Adriana – Parece que sim… (o breve sorriso volta a desvanecer-se)
David – Tira essa carinha… Não tem mal nenhum não. Bota de novo aquele sorriso. Vamos esquecer que você é minha fã e começar tudo de novo. Oi meu nome é David Luiz! (diz esticando a mão)

Adriana – Olá, o meu nome é Adriana!
David – Me fala sobre você! Eu quero te conhecer melhor…

Adriana – Então eu sou lisboeta e nos tempos livres faço alguns trabalhos de modelo. Sonho em formar carreira na área das artes performativas. O meu melhor amigo é o Ruben Amorim, conheci-o há seis anos porque os nossos pais são amigos. Adoro sol e praia. Quero no mínimo 4 filhos porque adoro crianças e sou adepta ferrenha do Benfica desde que nasci. (sorri)

David – E não vai querer saber nada de mim?
Adriana – Eu sei tudo sobre ti… (sorriu meio envergonhada revirando os olhos como sinal do óbvio) Ou quase tudo…

David – Então finge que não sabe! Aí eu te conto… (sorriso rasgado)
Adriana - Tudo bem!

David – Aceita mais uma bebida?
Adriana – Porque não?

David – Já volto!
David sai durante segundos e Adriana, já sozinha, pensa que ainda está num sonho e não está a conhecer o seu ídolo. Agora tudo aquilo que ela já admirava nele enquanto profissional e pessoa tinha duplicado e ela começava a admirá-lo cada vez mais.


Capítulo 3:
Os dois estavam sentados na explanada, enquanto a noite já ia longa a conversa prosseguia animadamente.

David – Então você tem medo de cachorro?
Adriana – Não é de cachorros… É de cães… Cães á seria! Com dentes! Que mordem!

David – Muito bom! Posso imaginar você fugindo de um… (ri-se)
Adriana – Muito engraçado! (ironicamente)

David – Me perdoa mas é que eu não imaginava uma mulher como você com medo de cachorro…
Adriana – Mulher eu? Eu só tenho 17 anos, fiz a semana passada…

David – Jura! Você é nova pra caramba!
Adriana – Literalmente eu ainda sou uma miudinha…

David – Não imaginava que você fosse uma garotinha, quem olha para você não diz isso não…
Adriana – Todos me dizem isso…

David – Pudera né?
Adriana – Bem a conversa está muito boa mas eu tenho de ir andando… (levantando-se e aproximando-se da porta da esplanada)

David – Já? Não pode ficar mais um pouco?
Adriana – Não vai dar mesmo… (entra no restaurante seguida de David)

David – Tudo bem! Foi agradável falar com você…
Adriana – Tenho de concordar…

David – Muito desiludida depois de me ver para além das revistas e jornais?
Adriana – Nem por isso… Por acaso fiquei com muito melhor impressão…

David – Que bom! (minutos de silêncio constrangedor)
Adriana – Bem então eu vou andando…

David – Sim… Gostei de conhecer você (dá-lhe um beijo no rosto)
Adriana – Eu também… Até uma próxima!
David – Até uma próxima!

Adriana afastava-se dele, agarrou na sua mala, despediu-se de todos e seguiu o seu caminho para casa juntamente com a sua melhor amiga. Seria uma longa noite de conversa…

Casa:
Adriana acaba de vestir o pijama e senta-se na cama

Débora – Então como é que foi?
Adriana – Normal… Ele é uma pessoa normal como qualquer outra…

Débora – Sim tirando que é o David Luiz e que é super giro. É normalíssimo!
Adriana – Oh! Sabes que mais do que tudo o admirava como pessoa nunca fui fã do género de perseguição… Acho que nem se pode chamar de fã… Gostava dele como jogador e pessoa. Só isso!

Débora – E agora? Depois de o conheceres…
Adriana – Não é muito diferente…

Débora – Sim claro! Engana-me que eu gosto!
Adriana – A sério!

Débora – E aquele tempo todo lá fora falaram sobre quê?
Adriana – Conhecemo-nos melhor…

Débora – Combinaram encontrar-se?
Adriana – Achas? Claro que não! Conheci um famoso e agora? A vida segue!

Débora – Sim mas admite lá que ele não é mil vezes melhor que o outro coiso de quem gostas…
Adriana – Ai não tem comparação! O outro é o outro! O David é um jogador do meu querido clube! Ponto final!

Débora – Sim sim… Eu vou fingir que acredito que isto não te abalou nem um bocadinho… E que não preferias estar a chamar “meu querido David” ao invés de “meu querido clube”… (ri-se)
Adriana – Ai olha vai mas é dormir e sonhar para outro lado!

Débora – Sim sim! É mesmo isso que vou fazer… Olha não te esqueças que amanhã combinámos aquele joguinho de volei com as meninas no estádio…
Adriana – Sim eu sei… Mas se calhar vou chegar um bocadinho atrasada…

Débora – Como sempre…
Adriana – Até parece! Dorme ó estronça! (atira-lhe com a almofada e riem-se)

Minutos depois já Débora dormia mas Adriana permanecia acordada pensando em tudo o que se tinha passado na semana anterior…

Penso no seu amor de 3 anos não correspondido e em ter conhecido o David Luiz, ao fim de tantos jogos na luz e tantos convívios com os jogadores e as mulheres.

Porquê só agora? Bem tudo tem o seu tempo e acontece por uma razão. Talvez aquilo tudo também tivesse a sua…

Mais tranquila, também Adriana se entregou nos braços dos sonhos até aos primeiros raios de sol da manhã seguinte…


Continua...

PS: A responsabilidade do texto é do próprio autor.

Espaço Fã:Montagens feitas pela fã Suzana Cardoso